Vale do Café é a denominação turística da região do Vale do Paraíba Fluminense onde o café foi a principal fonte de renda no Século XIX, que produzia 75% do café consumido no mundo, garantindo ao Brasil a liderança mundial em sua produção e exportação.
Os municípios de Barra do Piraí, Vassouras, Valença, Rio das Flores, Piraí, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Paty do Alferes, Miguel Pereira e Paraíba do Sul são famosos porque ainda preservam casario antigo, igrejas, estradas e fazendas, que pertenceram aos famosos barões do café, um importante capítulo da história do Brasil Imperial.
O ciclo do café foi, economicamente, muito mais representativo, em termos de ganho que o Ciclo do Ouro, tão mais comentado, fato que trouxe para o Brasil um desenvolvimento econômico enorme. O dinheiro do café construiu ferrovias, iluminação pública e promoveu todo o tipo de investimento em infraestrutura que o Brasil fez durante esse período, além das fazendas históricas construídas pelos nobres da região.
O Festival Vale do Café (realizado anualmente no mes de Julho, desde 2003)destaca toda essa história com concertos de música nas fazendas, shows em praças públicas e igrejas e oficinas de música voltadas para as crianças da região. Todos os municipios citados acima viram palco desse festival
FAZENDAS HISTÓRICAS
HOTEL FAZENDA ARVOREDO
Em 1818, o Príncipe Regente D. João doou terras a José Luiz Gomes, Barão de Mambucaba, com o objetivo de nelas plantar café, dando origem a Fazenda Santa Maria, onde se localiza o Hotel Fazenda Arvoredo. Em 1836, Honório Hermeto Carneiro Leão, assume a fazenda. Seu filho, Nicolau Neto Carneiro Leão, herda a propriedade e recebe o título de Barão de Santa Maria, que demoliu a antiga sede e construiu outra maior e mais luxuosa, concluída em 1858. Em 1903 é adquirida pelo Conde João Leopoldo Modesto Leal e em 1982 é recebida como herança pelos irmãos Ana Heloísa e Augusto Pascoli, que a transformam em Hotel Fazenda Arvoredo em 1991, iniciando assim um novo ciclo, o Turismo.
FAZENDA DA TAQUARA
O comendador João Pereira da Silva, por aqui se estabeleceu por volta de 1800. por volta de 1800. Faziam parte das propriedades do Comendador a Fazenda Campo Bom, a Fazenda Ipiabas e a Fazenda da Nova Prosperidade, (atual Fazenda da Taquara), como aparecem no inventário do Comendador, falecido em 1865.
O nome Taquara foi dado pelos escravos, devido à abundância de um bambu fino, encontrado na propriedade, que era assim denominado. A casa foi construída, provavelmente na década de 1830, em forma de um quadrilátero com um jardim interno, permanecendo ainda hoje, sob o domínio da família do Comendador.
Com quase dois séculos de existência, a sede, ainda em perfeito estado de conservação, preserva sua história, com móveis e retratos originais. Hoje, a Fazenda da Taquara é de propriedade de João Carlos Tadeu Botelho Pereira Streva, descendente direto da 5ª geração do Comendador João Pereira da Silva e administrada pelo seu filho Marcelo Streva, 6ª geração, que também realiza o guiamento no casarão.
Até os dias de hoje ainda é um centro de produção de café, como no século passado. Há, ainda, um projeto, já em desenvolvimento, que consiste na introdução do plantio, produção e industrialização de cafés especiais e tradicionais. O objetivo é fazer com que o visitante possa vivenciar a experiência em todo o processamento do café.
A propriedade recebe visitantes mediante reserva prévia, podendo ser acompanhada por um delicioso café da manhã, lanche da fazenda ou almoço que são servidos no antigo depósito, localizado abaixo do casarão, onde escravos trabalhavam e vigiavam e que hoje se transformou no Restaurante da Taquara.
Na visitação é possível conhecer a história da família e o processo do café, todo o acervo original do casarão e visita ao cafezal.
FAZENDA DA PROSPERIDADE
A História da Fazenda São João da Prosperidade inicia-se no Século XIX, entre 1820 e 1830, quando o café começa a ser cultivado na região.
Seu primeiro proprietário foi Antonio Gonçalves de Morais, conhecido como “Capitão Mata Gente”. Em 1843, segundo a escritura, o capitão compra um sítio denominado Barra do Pirai. E em 1853 constrói uma ponte sobre o Rio Piraí dando início ao povoado de São Benedito, origem da cidade de Barra do Piraí.
A casa da fazenda possui paredes externas muito largas, de pedra, e, internas, de pau a pique, enorme pé direito, telhados bastante inclinados com telhas feitas à mão, assoalhos de tábuas largas e é muito simples, sem os requintes de outras fazendas construídas mais nos meados do século.
Do antigo conjunto composto por tulhas, moinho, senzalas e casa grande, hoje só existem a casa que possui quinze quartos, seis salões, um pátio interno, cozinha e terreiro de café, cercados de algumas construções.
Na frente da casa existe uma construção de pedra, que provavelmente se destinou a abrigos de tropas de mulas que levavam o café do Rio de Janeiro até a chegada em Barra do Piraí, através da estrada de ferro Dom Pedro II, em 1864.
A Fazenda São João da Prosperidade pertence a Magid Breves Muniz, possui 40 alqueires mineiros e tem como principais atividades a pecuária, o reflorestamento de eucalipto, o turismo e a fábrica de linguiça.
Hoje a Fazenda é um recanto turístico que nos conduz ao tempo dos Barões do Café, com toda singularidade que essa época nos legou.
Nas visitas, que são programadas, é possível experimentar um delicioso lanche caseiro e, ainda, conhecer um pouquinho do artesanato regional.
FAZENDA ALIANÇA
Um belo conjunto arquitetônico, que traz a maior parte das características de uma fazenda produtora de café, neste caso o casarão, a tulha e o terreiro, muito bem preservados. Do conjunto, somente a senzala não resistiu por completo. A entrada ainda é guardada pelas famosas palmeiras imperiais. O pomar histórico, com suas árvores centenárias, servia de farmácia natural.
Atualmente a fazenda está voltada para a produção orgânica oferece inúmeras atrações e atividades aos seus visitantes.
A Fazenda, localizada na estrada entre Barra do Piraí e Valença, está aberta à visitação somente sob agendamento.
FAZENDA DA FLORESTA
Em um mapa de 1816, a sesmaria da Floresta é assinalada como propriedade de Luís Nicolau Fagundes Varela. Tempos depois, ainda na primeira metade do século XIX, foi adquirida por Joaquim José Pereira de Faro, filho do primeiro barão do Rio Bonito. Tudo leva a crer que foi Joaquim quem edificou a sede e as demais instalações da Fazenda da Floresta, e lá teria vivido com a família até sua morte, em 1845. No final do século XIX, a Fazenda da Floresta foi vendida ao coronel Cristiano Joaquim da Rocha. Em 1883, a fazenda foi adquirida pelos sócios João José Pereira da Silva e Dr. Emídio Adolfo Vitório da Costa, através da sociedade agrícola “Pereira da Silva & Victorio”. Durante o período que pertenceu a esta sociedade, a Fazenda experimentou algumas iniciativas inovadoras e bastante adiantadas para a época, tais como a ligação através de linha telefônica à estação ferroviária de Ipiabas e a substituição do trabalho escravo pela mão de obra livre. Além das instalações necessárias ao funcionamento a fazenda possuía carros sobre trilhos puxado por máquina a vapor para transportar o café até aos terreiros de secagem de café. Na década de 1920, a fazenda foi adquirida por Oswaldo Guinle que a vendeu, tempos depois, a Manoel Pinto, que por sua vez a passou ao Dr. Luís Novaes, quinto filho do barão de Novaes, casado com Francisca de Paula Parreiras Horta, neta do visconde de Ouro Preto. Por herança, a fazenda chegou às mãos de sua filha, atual proprietária. A fazenda situa-se no distrito de Ipiabas.